o prazer
Passo a noite a ler os precisos papéis. Daqui a alguns minutos vou dormir para um comboio entre Aveiro e Lisboa. Mas antes disso, peço-vos que experimentem ver-nos do outro lado do espelho, o do prazer das construções improváveis que nos ocupam; por exemplo, tendo paciência para abrir e ver o nosso duplêndulo .
arsélio & aurélio
arsélio & aurélio
boas festas
O negócio das vendas dos imóveis e do património do estado será sempre um mistério para mim.
Quem algum dia já administrou alguma bagatela do estado sabe como é difícil (senão impossível) desfazer-se do que quer que seja ainda que seja o inútil, o estragado, o podre, o lixo. Compreende-se que assim seja em geral já que se trata da decisão de uma pessoa (ou um grupo de pessoas), num dado momento, de alienar um património de todos, adquirido e mantido por grandes épocas e gerações . Por isso, é espantoso o espectáculo anual da alienação do património geral do estado, muitas vezes de imóveis carregados de séculos, por uns maduros que assumem o poder por uns anos, quando não por uns meses. Começo a pensar que estes políticos levaram isto a votos e que a maioria do povo português lhes deu autorização para venderem o património comum da nação por altura das festas. Estou a ficar um bocado lélé da cuca e custa-me a acreditar que isto seja feito sem ir a votos. Aliás, eles têm concorrido a governantes do estado na base da necessidade de acabar com ele. São mais comissões liquidatárias do que governos.
O outro lado do meu espanto está na realização do próprio negócio. Toda a gente anda a dizer que isto vai mal, que ninguém quer investir, que a terra deixou de girar no seu eixo capital, etc. Ora, estes negócios do património são da ordem dos milhões de milhões, aparecem na altura das festas e das crises e realizam-se sempre. Porque é que para isto há investidores sempre prontos e atentos à oportunidade de negócio que não fazem ou não escolhem outros negócios? Só pode estar combinado há muito tempo. E só pode ser feito com garantias de retorno gigantesco a curto prazo. Eles são tão ferozes contra o estado que não dão para peditórios a favor do estado. Quem combina isto em condições de ser realizado o negócio - por acerto directo?
Finalmente, a terceira face do espanto. Por vezes, com foi agora o caso, os mandantes chegam a vender sem concurso e sem hasta pública os imóveis que estão a ser usados pelos serviços do estado e imprescindíveis institutos públicos. Ainda antes de receber o dinheiro da venda, já estão a pagar rendas milionárias aos investidores. Quem votou nesta política ainda acha que ela é política séria!
A Comunidade Europeia veio dizer que não é séria esta política, como se nos mandasse um cartão de boas festas. Aproveitemos a lucidez dos estranhos.
[o aveiro; 23/12/2004]
Quem algum dia já administrou alguma bagatela do estado sabe como é difícil (senão impossível) desfazer-se do que quer que seja ainda que seja o inútil, o estragado, o podre, o lixo. Compreende-se que assim seja em geral já que se trata da decisão de uma pessoa (ou um grupo de pessoas), num dado momento, de alienar um património de todos, adquirido e mantido por grandes épocas e gerações . Por isso, é espantoso o espectáculo anual da alienação do património geral do estado, muitas vezes de imóveis carregados de séculos, por uns maduros que assumem o poder por uns anos, quando não por uns meses. Começo a pensar que estes políticos levaram isto a votos e que a maioria do povo português lhes deu autorização para venderem o património comum da nação por altura das festas. Estou a ficar um bocado lélé da cuca e custa-me a acreditar que isto seja feito sem ir a votos. Aliás, eles têm concorrido a governantes do estado na base da necessidade de acabar com ele. São mais comissões liquidatárias do que governos.
O outro lado do meu espanto está na realização do próprio negócio. Toda a gente anda a dizer que isto vai mal, que ninguém quer investir, que a terra deixou de girar no seu eixo capital, etc. Ora, estes negócios do património são da ordem dos milhões de milhões, aparecem na altura das festas e das crises e realizam-se sempre. Porque é que para isto há investidores sempre prontos e atentos à oportunidade de negócio que não fazem ou não escolhem outros negócios? Só pode estar combinado há muito tempo. E só pode ser feito com garantias de retorno gigantesco a curto prazo. Eles são tão ferozes contra o estado que não dão para peditórios a favor do estado. Quem combina isto em condições de ser realizado o negócio - por acerto directo?
Finalmente, a terceira face do espanto. Por vezes, com foi agora o caso, os mandantes chegam a vender sem concurso e sem hasta pública os imóveis que estão a ser usados pelos serviços do estado e imprescindíveis institutos públicos. Ainda antes de receber o dinheiro da venda, já estão a pagar rendas milionárias aos investidores. Quem votou nesta política ainda acha que ela é política séria!
A Comunidade Europeia veio dizer que não é séria esta política, como se nos mandasse um cartão de boas festas. Aproveitemos a lucidez dos estranhos.
[o aveiro; 23/12/2004]
laranjeira
Não parece uma laranja grande e verde.
Parece uma abóbora pendendo da laranjeira.
E é o que parece.
torturada
tanto as amo vestidas de frondosas copas
pelo estio
como as choro assim nuas torturadas
às mãos do frio
Levanta-te e dança!
Um dia o meu pai olhou para mim e disse
Se te levantares saberás o que é andar sem ajuda
e isso, tão pouco!, é a liberdade que em ti tudo muda.
E, tendo construido em verga forte duas bengalas
até à altura dos meus sovacos de criança,
levantou-me do cesto onde jazia para dizer: "Abram alas!
que é tempo do arsélio vir mostrar como se dança".
Se te levantares saberás o que é andar sem ajuda
e isso, tão pouco!, é a liberdade que em ti tudo muda.
[¿Sabia ele o que lhe diria hoje se o visse?]
E, tendo construido em verga forte duas bengalas
até à altura dos meus sovacos de criança,
levantou-me do cesto onde jazia para dizer: "Abram alas!
que é tempo do arsélio vir mostrar como se dança".
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