Messaggio
E tu, stella acta notturna
splendi ancora
se per il solco delle strade
grida la triste anima dei cani.
Sorgeranno colline d'erba magra
a coprirti:
ma nel mio buio conquistato
brillerai, fuoco bianco,
parlando ai vivi della mia morte.
(prefácio de José Carlos Soares, sel, e trad, de Inês Dias)
caminhos do deserto
mais um ataque de tosse e acordei
para um duche de manhã solarenga
antes de vestir um fato cinzento
domesticado para passar por um funeral
mais um ataque de tosse e levantei-me da cadeira
para sair a caminho da igreja onde as pessoas velam
uma ausência
ataquei o cachimbo com gestos precisos
para seguir a caminho da biblioteca mais perto
e desistir da igreja onde não faço falta à ausente
nem a mim enquanto penso num sonho interrompido
pela memória de quem é já vento e viagem de fumo
desfeita por um novo ataque de tosse que bate à porta
de capa dura do livro dos mortos em vigília
para um duche de manhã solarenga
antes de vestir um fato cinzento
domesticado para passar por um funeral
mais um ataque de tosse e levantei-me da cadeira
para sair a caminho da igreja onde as pessoas velam
uma ausência
ataquei o cachimbo com gestos precisos
para seguir a caminho da biblioteca mais perto
e desistir da igreja onde não faço falta à ausente
nem a mim enquanto penso num sonho interrompido
pela memória de quem é já vento e viagem de fumo
desfeita por um novo ataque de tosse que bate à porta
de capa dura do livro dos mortos em vigília
Os doentes...
... esperam na sala de espera antes de serem examinados e internados. Raros são os doentes mentais a quem se recomenda como terapia algum tempo num governo.
mumumummmmmm
eu sei que mostras olhos de boi manso
mas quem atenta no pescoço dobrado para a frente
enquanto velas ameaças
sabe de que maldade és feito animal
mas quem atenta no pescoço dobrado para a frente
enquanto velas ameaças
sabe de que maldade és feito animal
Assombração
Ontem compareci à chamada, na Associação Comercial de Aveiro, para mais uma sessão plenária (plena de gente daqui) sobre o canal central e a ponte pedonal, promovida pelo Diário de Aveiro. Antes de lá chegar, sempre fui tirando fotografias ao canal para memória futura ou para me lembrar o que eu gosto de ver (pela alvorada, durante o dia, à noitinha ou alta noite de murmúrios). De pés no chão e olhos na água, caminho pelas margens muitas vezes - canal de s. roque, canal das pirâmides, canal central, ... Vejo as casas refletidas nas águas e chego a querer morar em casas ao espelho. Gosto de pontes, claro. Uma ou outra para me deixar levar de uma margem à outra. Mas gosto principalmente da vista da água e de quem por lá anda. E gosto da água do canal central, onde se espelham barcos, casas, árvores, ... e o céu que as cobre. Há troços de água sombria, pontes entre résteas de céu escondidas na sombra das pontes. Ainda há céus sobre as águas: fonte nova e abençoado canal central que me mostra a água do céu mergulhado num espelho sem sombra.
Uma ponte ali? Só como assombração!
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