O sexo dos educandos e dos educadores

E não resisto a recomendar a leitura dos diálogos entre filho e mãe-professora, escritos por Graça Barbosa Ribeiro, sob o título E alguém os vai ensinar? no Público de hoje. Quem não se reconhece na dúvida?

E já agora, vale a pena ler o artigo de hoje de Santana Castilho - Fazer bem e bater certo . A certa altura, escreve ele: "Agora é a educação sexual, como se tal não devesse e não pudesse ser tratado em várias disciplinas e programas já existentes. Antes foram as novas tecnologias, assunto do foro metodológico transdisciplinar, ridiculamente remetido para disciplina autónoma. Outrora trataram de ignorar o dever que qualquer professor tem de ensinar o aluno a trabalhar e estudar para entregar a tarefa ao designado "estudo acompanhado", orientado por dois docentes em tempo específico. Farão bem, em seu entender. Fazem errado, no meu." E sobre a nossa inefável e inestimável educadora-chefe, ele escreve: "Luís XIV é por certo o Sol que ilumina a inefável secretária de Estado Mariana Cascais. Não me admirarei mesmo se do retrovisor da sua viatura oficial pender um galhardete com guizos e a inscrição "L'État c'est moi". Li Sua Excelência no "Diário de Notícias" e pasmei. Disse a dita: "... Se eu quisesse, não havia educação sexual..." Para os mais distraídos, recordo que esta senhora é a mesma que foi à Assembleia da República afirmar que a religião oficial do Estado português é a católica. Estará ela convencida de que faz bem?"

E chamo a atenção para uma outra opinião de passagem, agora sobre a religião nas escolas, depois de uma primeira parte de critica à posição do governo de Chirac sobre a proibição de sinais exteriores de riqueza religiosa: "O segundo vem de Inglaterra e conta-se em três linhas. Lá, os programas escolares e as demais decisões curriculares não são remetidas para comissões "ad hoc", como nós, erradamente, fazemos. Outrossim, competem a um serviço autónomo, a "Qualifications and Curriculum Authority" que, atenta à crescente expressão dos agnósticos e dos ateus, decidiu recomendar que, no âmbito da educação religiosa, se passassem a estudar, também... as convicções não religiosas. Chamo a isto fazer certo. Bem podíamos seguir o exemplo."

A finalizar, Santana Castilho, denuncia: "Quando em Óbidos, com pompa e circunstância, o Governo anunciou mil milhões de euros para investir na ciência, mais não fez que mera propaganda. Sabem os mais informados que se trata apenas de uma redistribuição geral de capitais afectos a programas anteriores, cujo nome foi mudado. À boa maneira das manipulações contabilísticas das Finanças e da Saúde."

Em tempos, que já lá vão, tive oportunidades desgraçadas de me cruzar com Santana Castilho, quando ele era secretário de estado de um governo de Cavaco Silva, a respeito de modelos para a profissionalização de professores ao serviço. E ele fazia o seu papel. Lembra-me sempre a maior humilhação que sofri às mãos dos poder (que tanto está acantonado no governo como nos sindicatos de que, ao tempo, integrava a comissão de negociação técnica para o assunto como membro do conselho nacional da fenprof).

A vida não se cansa de me surpeender.

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