Esta semana recebemos a prova da nossa normalidade social. Todas as crianças e jovens regressam à escola - básica ou secundária. Há quem já nem pense na importância deste acontecimento e, embora seja sempre notícia, o facto dos regressos gerais à escola aparece muito diminuído comparado com uma pequena nódoa na gravata de algum importante, mesmo que mal educado e iletrado.
Nestes tempos que vivemos, podemos saber que nem tudo está perdido se, numa data prevista, as crianças e jovens forem chamados e respondam a cumprir um imperativo social que ninguém discute por princípo e todos discutem no fim. O regresso à escola em cada ano é um facto e todos saúdam o regresso à escola. O abandono da escola é um facto e todos condenam o abandono escolar.
A sociedade destes tempos que vivemos é uma escola. Assumimos hoje que todos, desde o nascimento à morte, são aprendizes e de escola. Vivemos numa sociedade onde todos precisamos de aprender ao longo de toda a vida, porque tudo se passa num mundo feito de mudanças. Para sobreviver neste mundo em mudança, precisamos de mais escola e mais escola de todos para todos. Por sabermos isto, saudamos o regresso à escola e lamentamos quando alguém abandona a escola básica o que nos obriga a novos esforços para inventar o regresso ao futuro de quem se refugiou em algum espaço exterior à sociedade escola.
De que escola precisamos? Há quem pense que a escola necessária a todos não é a escola daqueles que podem dirigir e salvar este nosso mundo do estado em que está. Há quem pense que a escola para todos dá conhecimentos e competências técnicas como instrumentos de vingança. E que a escola única para todos é uma ficção, por poder ser sempre recusada por uma parte, e uma realidade terrível, porque prejudica os melhores sem fazer coisa que se veja pelos que estão longe da escola.
À margem de todas estas discussões, neste mês de Setembro em que recordamos tantos terrores, horrores e.. guerras preparadas e travadas nas melhores escolas do mundo, escrevo aqui a celebrar o nosso país do regresso à escola, este acontecimento que nos diz que ainda não nos perdemos uns dos outros e ainda acreditamos nuns e noutros para mais um passo desta dança de paz... Mesmo sem esperança nos milagres que nos pedem, voltamos a tentar. Prometendo não pisar o nosso par, esse outro que ainda nem conhecemos. Sabemos que foi convidado e que isso é o mais importante.
[o aveiro; 14/09/2006]
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2 comentários:
A verdade é que ninguém comenta o que eu escrevo. E isso é muito triste. Mesmo muiot triste. Triste como eu!
Os comentários andaram pouco visíveis porque eu não tenho tido tempo e não consegui controlar o tamanho desta coisa com facilidade. Ainda não está bem. Mas lá iremos. Lá iremos!
Nenhum comentário se perdeu, penso eu. Quem sabe disto, sempre colocou os seus comentários, clicando sobre a data do "post". Pouca gente sabe disso ou ninguém quer comentar.
Seja o que for que tenha acontecido, ...
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