A voz do poema que ouvimos
maior será a minha ânsia de gritá-los!
Amarrai meus pulsos com grilhões,
maior será minha ânsia de quebrá-los!
Rasgai a minha carne!
Triturai os meus ossos!
O meu sangue será minha bandeira
e meus ossos o cimento duma outra humanidade.
Que aqui ninguém se entrega
-Isto é vencer ou morrer-
é na vida que se perde
Que há mais ânsia de viver!
(lembrou Firmino Mendes)
http://imgur.com/gallery/nQinbyH
de Arsélio Martins, mesmo quando não parece
.
relações em concorrência
Passa-me óleo pelas costas. Passa-me o creme na cana do nariz. Passa-me o microfone de mão em mão. Passa-me o óleo de rícino pelo peito. Passa-me o óleo de fígado de bacalhau pela cabeça. Passa-me a minha amiga numa hora boa.
Passa-me metade da tua caspa para os meus ombros. Passa-me metade da canção no teu programa. Limpa-me uma lágrima de rímel se as lágrimas me vierem aos olhos. Passa-me palavras de admiração pelo pescoço. Passa-me os teus dentes de cavalo pelas costas.
Passa-me a tua inteligência laroca para o meu canal. Dá-me dois dedos da tua testa para a concorrência. Passa-me o vestido aferro. Passa-me a concorrência a ferro. Gaba-me os índices de audiência do meu programa no teu programa da concorrência.
Podes assoar-te nas minhas costas. Passa-me o anúncio em que apareço ao lado do macaco de sucesso. Passa-me a canção do bandido. Passa-me o bandido da tua notícia. Eu quero-me bem passado.
Passa por mim no Rossio. Passa-me o fado ao lado. Passa-me o secretário de estado que mora no teu prédio. Passa-me o estado interessante. Passa-te.
Passa-me margarina vegetal pelo couro cabeludo dos meus sapatos. Passa-me bem o bife que negoceia a paz entre os bandos da “biela” do intendente. Passa-me um plano de mim em cima do leão do marquês de pombal. Passa-me de cá para lá. Deixa-me dar umas voltinhas no teu programa.
Passa-me a salada. Passa-me a salada russa. Passa-me as mãos pelo dorso. Passo à mesma hora que tu. Passo no horário nobre. Passo a passo, passo-te. Deixa lá que depois eu levo-te ao meu programa. Passo-te a cadeira de rodas.
Passa-me o comando.
em louvor do professor de direito, comentador que dá notas e candidato a presidente
(Pretextos, 198x?)
as datas vistas pelos seus avessos
Firmino Mendes - Soneto
Ó crapuloides tonsos desitantes
Artimigos tropálios desancantos
Par rivistas pervértidos acantos
Tomatoides arcansos arfestantes
Ó micustatas cãs de resinantos
Putéfias fientas e lepantes
Ó abastardos micos porcalhantes
Escolossos daláquas desorantes
Se houbordar infumo morativo
Neuscapitel morfeito desabundo
Apuntunga fitanga desamundo
Ah hei ah hei putango pilharundo
Filhostero lixoide e instalido
Sarjetário de brai e merdestido
Firmino Mendes, fevereiro 2015
Firmino Mendes: Também eu sou Charlie
"Pamelia Kurstin: Theremin, the untouchable music"
|
noite feliz!
-
Nenhum de nós sabe quanto custa um abraço. Com gosto, pagamos todos os abraços solidários sem contarmos os tostões. Não regateamos o preço d...
-
eu bem me disse que estava a ser parvo por pensar que só com os meus dentes chegavam para morder até o futuro e n...