O estado de excepção de Cavaco
Logo que foram conhecidos os resultados eleitorais (ou parte deles), sem esperar pelos resultados oficiais do sufrágio e sem sentir necessidade de ouvir sequer os partidos com assento parlamentar como é das normas, Cavaco indigita informalmente (só pode ser) Passos Coelho para formar governo. Eficácia, dizem uns. Desrespeito pelo Parlamento, dizem outros.
Está bem acompanhado Cavaco. Os comentadores de serviço a regimes de excepção reagiram céleres a inquietações sobre a constitucionalidade de actos e medidas previstas no programa de resgate que os três partidos do arco do poder assinaram. Sem se preocuparem com a constituição que como seu garante foi eleito o presidente da república e os eleitos dos partidos para governarem de acordo com ela, sendo que todos eles juram respeitar a constituição nas suas tomadas de posse.
Acrescentam nos seus comentários que será inaceitável que se use a constituição como impedimento ao cumprimento dos prazos previstos para as medidas a tomar impostas ao arrepio das normas constitucionais do país de tão devotos patriotas e democratas. Alguns deles já foram alertando o tribunal constitucional para que não se torne num empecilho ao supremo desígnio do resgate para salvação das almas portuguesas. E desenterraram um clima excepcional (muito calor, muito frio, muito dinheiro) e tempos de excepção para suportar eventual desrespeito da constituição. Procuram-se argumentos a favor do estado de excepção.
Cavaco faz-se presidente de um estado excepcional. Quantas mais excepções serão abertas neste caldo dos governos presididos por jotas e janotas? Sempre aceitaremos interromper a democracia por 6 meses para pôr ordem nisto. Os jotas não se lembram de anteriores interrupções. Mas ainda vive quem se lembre.
Está bem acompanhado Cavaco. Os comentadores de serviço a regimes de excepção reagiram céleres a inquietações sobre a constitucionalidade de actos e medidas previstas no programa de resgate que os três partidos do arco do poder assinaram. Sem se preocuparem com a constituição que como seu garante foi eleito o presidente da república e os eleitos dos partidos para governarem de acordo com ela, sendo que todos eles juram respeitar a constituição nas suas tomadas de posse.
Acrescentam nos seus comentários que será inaceitável que se use a constituição como impedimento ao cumprimento dos prazos previstos para as medidas a tomar impostas ao arrepio das normas constitucionais do país de tão devotos patriotas e democratas. Alguns deles já foram alertando o tribunal constitucional para que não se torne num empecilho ao supremo desígnio do resgate para salvação das almas portuguesas. E desenterraram um clima excepcional (muito calor, muito frio, muito dinheiro) e tempos de excepção para suportar eventual desrespeito da constituição. Procuram-se argumentos a favor do estado de excepção.
Cavaco faz-se presidente de um estado excepcional. Quantas mais excepções serão abertas neste caldo dos governos presididos por jotas e janotas? Sempre aceitaremos interromper a democracia por 6 meses para pôr ordem nisto. Os jotas não se lembram de anteriores interrupções. Mas ainda vive quem se lembre.
A última vitória de Cavaco
Cavaco não é o presidente de todos os portugueses. Sabendo bem que, em economia e finanças, nunca há um só caminho e que, mesmo entre os economistas e financeiros não vinga a tese de uma estrada real para escolher modelos de saída da crise, Cavaco não hesitou em indicar como opção da república um dos caminhos e logo uma causa de governação e o leque das figuras de governo. Mais: não hesitou em contaminar processos de eleição em curso com as insinuações da tragédia de futuros salários em atraso, o que foi acrescentar medo ao medo da ignorância ampliado pelo problema de ter sido governante e ser presidente de uma república europeia em que são admitidas práticas de salários em atraso sem culpa e sem castigo, e práticas abusivas de precariedade dos vínculos laborais e respectivas remunerações. Curtos prazos para o medo, condicionando ou marginalizando todas as opções diferentes das suas. Temos um financeiro, rodeado de financeiros, capaz de jogos financeiros e capaz de viver com a miséria dos trabalhadores sem o salário equivalente mau da produção já realizada e até mesmo já retribuída em transferências de valor e capaz de lhes lembrar que pode conviver com situações piores do seu povo. A sua acção, a merecer concretização célere pelos seus - PS, PSD, CDS e outros figurões detentores de poder económico ou simplesmente financeiro, ficará marcada não por conhecermos o seu sentido de voto, mas por ter feito do seu voto uma arma apontada a quem tem modelo diferente do seu. Portugal é uma nação que parece amarrada a financeiros (que lembrança a minha!).
Por último, vale a pena referir que, além da indicação de sentido de voto (só não foi capaz do partido único e se contentou com uma coligação tripartida), transformou-se no primeiro presidente a retirar o direito à crítica cívica aos que não foram às urnas neste seu plebiscito. Na nossa democracia, ainda há quem se considere presidente de todos os portugueses baseado numa fé de pai que quer o melhor para o seu povo e que se acha no direito de condicionar a decisão livre dos outros seus concidadãos. Mesmo sendo pouco crente em autorizações divinatórias, quaisquer que elas sejam, sempre vou lembrando que o futuro a deus pertence e que Cavaco está longe de (ser) deus e é agora seguramente presidente de uma parte dos cidadãos de uma pequena república da Europa, temente dos sentimentos dos mercados financeiros. Pouco valor atribui às pessoas.... essas que são sensíveis e que ainda lhe retribuem votos até perceberem que merece, para além da reforma... algo mais que sentimentos. Os meus sentimentos aqui ficam. Não lhes atribuo qualquer valor de mercado. Sei que os sentimentos de Cavaco têm valor nos mercados, ao contrário dos meus.
Por último, vale a pena referir que, além da indicação de sentido de voto (só não foi capaz do partido único e se contentou com uma coligação tripartida), transformou-se no primeiro presidente a retirar o direito à crítica cívica aos que não foram às urnas neste seu plebiscito. Na nossa democracia, ainda há quem se considere presidente de todos os portugueses baseado numa fé de pai que quer o melhor para o seu povo e que se acha no direito de condicionar a decisão livre dos outros seus concidadãos. Mesmo sendo pouco crente em autorizações divinatórias, quaisquer que elas sejam, sempre vou lembrando que o futuro a deus pertence e que Cavaco está longe de (ser) deus e é agora seguramente presidente de uma parte dos cidadãos de uma pequena república da Europa, temente dos sentimentos dos mercados financeiros. Pouco valor atribui às pessoas.... essas que são sensíveis e que ainda lhe retribuem votos até perceberem que merece, para além da reforma... algo mais que sentimentos. Os meus sentimentos aqui ficam. Não lhes atribuo qualquer valor de mercado. Sei que os sentimentos de Cavaco têm valor nos mercados, ao contrário dos meus.
a 5 de junho....
... vencem os que nos troikatrilham...
... enquanto outros recomeçam combates de sempre, como sempre.
manifesto eleitoral
perguntam-me que vou fazer quando me reformar.
posso responder a isso.
tenho muitas coisas ainda por fazer que sempre fui adiando e talvez já não possa fazer porque nunca tomei notas e esqueci-me de muitas palavras que me ficaram atravessadas na garganta e nunca foram ditas e muito menos escritas e
a) posso voltar a estudar matemática básica com disciplina e afinco.
b) posso ler poesia com disciplina e afinco.
c) posso ler romances com disciplina e afinco.
d) posso escrever algumas frases de que me lembre.
e) e posso desenhar.
para isso preciso de tempo e
para tudo isso e para tomar banho concertei as mãos gastas a arranhar as paredes possíveis e a trepar paredes erguidas a pique contra mim muitas destas por mim erguidas.
posso responder a isso.
tenho muitas coisas ainda por fazer que sempre fui adiando e talvez já não possa fazer porque nunca tomei notas e esqueci-me de muitas palavras que me ficaram atravessadas na garganta e nunca foram ditas e muito menos escritas e
a) posso voltar a estudar matemática básica com disciplina e afinco.
b) posso ler poesia com disciplina e afinco.
c) posso ler romances com disciplina e afinco.
d) posso escrever algumas frases de que me lembre.
e) e posso desenhar.
para isso preciso de tempo e
para tudo isso e para tomar banho concertei as mãos gastas a arranhar as paredes possíveis e a trepar paredes erguidas a pique contra mim muitas destas por mim erguidas.
daqui a pouco é noite
daqui a pouco é noite e acendem-se as luzes da fogueira
para encher praças de assombrações e máscaras confiantes
que dançam na alegria dos comícios das festas manifestantes
contra a ganância mais podre mais cruel e carniceira
daqui a pouco é noite antes das avisadas noites que virão
adivinhadas arrogâncias de catedrais que não descansam
nem esquecem a arte das fogueiras de sombras que dançam
num fragor de derrocada do altar proclamada como sermão
daqui a pouco é noite nós cá estamos despertados moribundos
não se esqueçam de nós que vos passámos pelas penas do perdão
ai como sempre se esqueceram de nós nas casas dos fundos
nós contamos as canções mudas do pavor na vossa ressurreição
daqui a pouco é noite ainda vamos a tempo esperem um pouco
ainda sobra um alento ainda sopra o vento num verso rouco
ainda há gente a gritar ainda há gente a rir ainda há gente ainda
que forma a frente a unida frente que vos faz frente e nunca finda
daqui a pouco é a noite que à luz do dia é ainda a mais linda.
para encher praças de assombrações e máscaras confiantes
que dançam na alegria dos comícios das festas manifestantes
contra a ganância mais podre mais cruel e carniceira
daqui a pouco é noite antes das avisadas noites que virão
adivinhadas arrogâncias de catedrais que não descansam
nem esquecem a arte das fogueiras de sombras que dançam
num fragor de derrocada do altar proclamada como sermão
daqui a pouco é noite nós cá estamos despertados moribundos
não se esqueçam de nós que vos passámos pelas penas do perdão
ai como sempre se esqueceram de nós nas casas dos fundos
nós contamos as canções mudas do pavor na vossa ressurreição
daqui a pouco é noite ainda vamos a tempo esperem um pouco
ainda sobra um alento ainda sopra o vento num verso rouco
ainda há gente a gritar ainda há gente a rir ainda há gente ainda
que forma a frente a unida frente que vos faz frente e nunca finda
daqui a pouco é a noite que à luz do dia é ainda a mais linda.
Votar contra os que nos odem
Dou por mim a pensar no passado que conheço
E sem fazer profecia alguma que isso não vem ao caso
Levanto-me do chão de vespas em que amanheço
Para me coçar onde me mordem as virtudes um pouco ao acaso
E para me lembrar em cada dia que rápido passa
De ladrões e quadrilhas que me roubam sono e vida
Sem haver prisão que os detenha e como isso é desgraça
Fazer votos e dar voto que seja lenço e desejo de despedida
Ajudando assim a minha gente mesmo que ela seja insensata
E medrosa e crente na eterna demissão face aos que tudo podem
Vou votar com pontaria afiada que mesmo uma pistola de lata
Pode ser a melhor arma de dignidade contra os que tudo odem
E sem fazer profecia alguma que isso não vem ao caso
Levanto-me do chão de vespas em que amanheço
Para me coçar onde me mordem as virtudes um pouco ao acaso
E para me lembrar em cada dia que rápido passa
De ladrões e quadrilhas que me roubam sono e vida
Sem haver prisão que os detenha e como isso é desgraça
Fazer votos e dar voto que seja lenço e desejo de despedida
Ajudando assim a minha gente mesmo que ela seja insensata
E medrosa e crente na eterna demissão face aos que tudo podem
Vou votar com pontaria afiada que mesmo uma pistola de lata
Pode ser a melhor arma de dignidade contra os que tudo odem
Idade média
Hoje é um dia bom para transcrições de notas que os amigos me fazem chegar. Outra:
"Na última semana beatificámos um papa,
casámos um príncipe,
fizemos uma cruzada e matámos um mouro.
Bem-vindos à Idade Média!"
(autor desconhecido)
"Na última semana beatificámos um papa,
casámos um príncipe,
fizemos uma cruzada e matámos um mouro.
Bem-vindos à Idade Média!"
(autor desconhecido)
a gestão da crise
Uma amiga lembrou-me que
É sempre bom saber...
"... os portugueses comuns (os que têm trabalho) ganham cerca de metade (55%) do que se ganha na zona euro,
mas os nossos gestores recebem, em média:
- mais 32% do que os americanos;
- mais 22,5% do que os franceses;
- mais 55 % do que os finlandeses;
- mais 56,5% do que os suecos"
(dados de Manuel António Pina, Jornal de Notícias, 24/10/09)
É sempre bom saber...
"... os portugueses comuns (os que têm trabalho) ganham cerca de metade (55%) do que se ganha na zona euro,
mas os nossos gestores recebem, em média:
- mais 32% do que os americanos;
- mais 22,5% do que os franceses;
- mais 55 % do que os finlandeses;
- mais 56,5% do que os suecos"
(dados de Manuel António Pina, Jornal de Notícias, 24/10/09)
se um dia, eu me esquecer
se um dia chover demais e eu escorregar com a chuva,
pelo chão dissolvido até não ser mais que a turvação
ou a iniquidade na água corrente e não puder avisar-te
para que não me bebas na corrente é porque sim
me esqueci de tudo e de ti também
disso saberás vendo-me água corrente como se fosse eu espelho ao espelho
sem mostrar sinal de te conhecer ao passar olhando-te fixamente
com os meus liquefeitos olhos presos na cabeça da água
escorrendo como as outras águas pluviais a caminho
da saída onde deixei de te ver até não sobrar lembrança de ti
pelo chão dissolvido até não ser mais que a turvação
ou a iniquidade na água corrente e não puder avisar-te
para que não me bebas na corrente é porque sim
me esqueci de tudo e de ti também
disso saberás vendo-me água corrente como se fosse eu espelho ao espelho
sem mostrar sinal de te conhecer ao passar olhando-te fixamente
com os meus liquefeitos olhos presos na cabeça da água
escorrendo como as outras águas pluviais a caminho
da saída onde deixei de te ver até não sobrar lembrança de ti
o tempo que faz lá fora
O meu amigo poeta José Carlos Soares publicou "Este perder-se" - selecção de poemas - que inclui 3 desenhos de reuniões feitos por quem faz laboriosos bordados nas reuniões. É uma boa notícia do meu tempo lá fora. Aqui dentro de mim, tento não me perder, sem perder de vista o essencial que é o tempo que faz lá fora.
não é preciso escrever bem, preciso é descrever o que nos irrita
As clientelas do poder ganharam tanto mais poder quanto podemos reconhecer as caras de gestores da coisa pública que favorecem a coisa privada até se tornarem saltimbancos entre a coisa pública e a privada num sistema de transferências milionárias que, não correspondendo a competências reconhecidas, não podem significar outra coisa senão troca de favores no estado aos sectores privados da economia. A tal ponto as caras rodam de um para o outro que quase podemos arriscar que o que é sector público serve interesses privados ou então é o privado que é público e notório depender do que é público. Até ser normal que seja o público que paga roubos e erros da alta finança privada. Ministros e secretários de estado de governos ps, psd e também cds tornam-se administradores e gestores de empresas públicas e privadas, institutos e fundações, envolvidos todos por uma nuvem de suspeita admissível de troca de favores, em que cada um é cliente de outro em algum negócio. A ideia que defendem hoje para o futuro do país, todos juntos e em uníssono falam da sua ideia para o país, é a voz obscena de uma voragem sem limites. Olhe-se para eles e meça-se em dinheiro recebido, em enriquecimento ilegítimo para não dizer ilícito, o fosso que os separa do povo que dizem defender. Não haverá já outra medida para tanta desfaçatez.
Sussurram por maiorias absolutas para novo governo a favor das clientelas de poder cuja ganância não pára de crescer em tempo de crise. Fingem mesmo que todos os que não quiseram governar-se não querem, nem podem nem sabem governar. Dizem, como disse Francisco Balsemão, que não se pode contar com eles para assumir a responsabilidade do governo. E é verdade porque todos sabem que estão a falar do seu governo, dos seus governos, da manutenção e consolidação deste estado de sítio em que se garante o lucro obsceno de poderosos e afilhados, ainda que à custa da miséria dos povos.
Quando Fernando Madrinha se exalta contra as declarações obscenas daquele diogo dos campos do psd sobre salários e impostos, eu estou de acordo com ele. Mas é acabrunhante ler, logo de seguida, que o país tem de ser governado por alguém aparentado a personagens desse calibre (que até já foi dirigentes do banco de portugal (deus meu!) e dele recebe reforma (por alma de que serviço, perguntarei) excluindo da possibilidade de governo todos os economistas, académicos, técnicos, operários, etc só por não terem doado qualquer parte da sua vida para o peditório a favor de si mesmos, de milionários banqueiros e outros trapaceiros.
Sabemos dos currículos trapaceiros de ministros e administradores com excelentes resultados em votos e em lucros obtidos, sem precisar de mais que fazer o favor de trocar o favor do estado. Ainda um dia, há-de haver alguém que se dê ao trabalho de comparar o currículo daqueles com que Balsemão não conta para governar, com os currículos dos que se têm governado e são os melhores para esses cargos. Há uns tipos que até talvez sirvam para ganhar os prémios tipo pessoa e afins, mas nunca para governar. Porque governar, para os do costume, é meter a mão na massa - literalmente falando.
Sussurram por maiorias absolutas para novo governo a favor das clientelas de poder cuja ganância não pára de crescer em tempo de crise. Fingem mesmo que todos os que não quiseram governar-se não querem, nem podem nem sabem governar. Dizem, como disse Francisco Balsemão, que não se pode contar com eles para assumir a responsabilidade do governo. E é verdade porque todos sabem que estão a falar do seu governo, dos seus governos, da manutenção e consolidação deste estado de sítio em que se garante o lucro obsceno de poderosos e afilhados, ainda que à custa da miséria dos povos.
Quando Fernando Madrinha se exalta contra as declarações obscenas daquele diogo dos campos do psd sobre salários e impostos, eu estou de acordo com ele. Mas é acabrunhante ler, logo de seguida, que o país tem de ser governado por alguém aparentado a personagens desse calibre (que até já foi dirigentes do banco de portugal (deus meu!) e dele recebe reforma (por alma de que serviço, perguntarei) excluindo da possibilidade de governo todos os economistas, académicos, técnicos, operários, etc só por não terem doado qualquer parte da sua vida para o peditório a favor de si mesmos, de milionários banqueiros e outros trapaceiros.
Sabemos dos currículos trapaceiros de ministros e administradores com excelentes resultados em votos e em lucros obtidos, sem precisar de mais que fazer o favor de trocar o favor do estado. Ainda um dia, há-de haver alguém que se dê ao trabalho de comparar o currículo daqueles com que Balsemão não conta para governar, com os currículos dos que se têm governado e são os melhores para esses cargos. Há uns tipos que até talvez sirvam para ganhar os prémios tipo pessoa e afins, mas nunca para governar. Porque governar, para os do costume, é meter a mão na massa - literalmente falando.
Por estes dias... a verdade a esconder-se
Há uns dias atrás, no Público on-line, lia-se a promessa de Passos Coelho de no futuro próximo não ir colocar no aparelho de estado o pessoal do costume, reconhecendo ao mesmo tempo que o PSD usou o estado para empregar muita da sua gente, sempre que ocupou o cadeirão do poder. Até pode ser um propósito firme de emenda.
No Público de hoje, ...escreve-se na página 6 do caderno principal que ... o socialista João Cravinho disse ontem que a administração pública está “infiltradíssima por lobbies e clientelas responsáveis pela corrupção do Estado”, defendendo, por isso, que “é necessário despartidarizá-la”. Falando no encontro Pensar Portugal, em Vila Real, o ex-ministro socialista disse que os partidos têm um comportamento que não permite às pessoas terem grande esperança, porque as suas intervenções não se dirigem à resolução dos problemas. O Estado, segundo Cravinho, está capturado por interesses. Por isso, considerou, tem de haver “transparência” na administração pública para que não haja “compadrios, soluções duvidosas e protecção de determinados interesses à custa dos interesses de todos”. Para Cravinho, é “urgente” que a Constituição garanta uma administração pública transparente.Mas, frisou, “para isso não basta haver uma lei que depois ninguém cumpre ou cumpre mal”. Segundo o ex-ministro, a insustentabilidade das finanças públicas é reflexo da falta de competitividade e crescimento e, se este problema não se resolver, Portugal terá sempre “finanças públicas reprimidas e em muito mau estado”. Temos a certeza que João Cravinho sabe do que fala.
Passos Coelho, cujo currículo é prenhe de competências reconhecidas, em período eleitoral para o poder do estado de sítio, reconhece que o seu partido PSD funcionou como agência de emprego e malfeitorias contra o Estado. João Cravinho, ex-ministro do PS e nomeado para... por..., reconhece que o aparelho de estado está infiltradíssimo sem falar do partido socialista e falando de todos os partidos. De facto, estas duas notícias garantem-nos só e muito simplesmente que tudo se resume a crimes do PS e do PSD.
Os outros partidos, que não o PS e o PSD, fizeram alguma infiltração?
No Público de hoje, ...escreve-se na página 6 do caderno principal que ... o socialista João Cravinho disse ontem que a administração pública está “infiltradíssima por lobbies e clientelas responsáveis pela corrupção do Estado”, defendendo, por isso, que “é necessário despartidarizá-la”. Falando no encontro Pensar Portugal, em Vila Real, o ex-ministro socialista disse que os partidos têm um comportamento que não permite às pessoas terem grande esperança, porque as suas intervenções não se dirigem à resolução dos problemas. O Estado, segundo Cravinho, está capturado por interesses. Por isso, considerou, tem de haver “transparência” na administração pública para que não haja “compadrios, soluções duvidosas e protecção de determinados interesses à custa dos interesses de todos”. Para Cravinho, é “urgente” que a Constituição garanta uma administração pública transparente.Mas, frisou, “para isso não basta haver uma lei que depois ninguém cumpre ou cumpre mal”. Segundo o ex-ministro, a insustentabilidade das finanças públicas é reflexo da falta de competitividade e crescimento e, se este problema não se resolver, Portugal terá sempre “finanças públicas reprimidas e em muito mau estado”. Temos a certeza que João Cravinho sabe do que fala.
Passos Coelho, cujo currículo é prenhe de competências reconhecidas, em período eleitoral para o poder do estado de sítio, reconhece que o seu partido PSD funcionou como agência de emprego e malfeitorias contra o Estado. João Cravinho, ex-ministro do PS e nomeado para... por..., reconhece que o aparelho de estado está infiltradíssimo sem falar do partido socialista e falando de todos os partidos. De facto, estas duas notícias garantem-nos só e muito simplesmente que tudo se resume a crimes do PS e do PSD.
Os outros partidos, que não o PS e o PSD, fizeram alguma infiltração?
nunca mais
1.
só diz nunca mais
quem não sabe de quantas mudanças
são feitos os dias de cada um
minha mãe perguntava para onde vais
tu que não tens jeito para danças
só podes ir a lugar nenhum
sabendo que eu acabava por partir
para onde ninguém me esperava
pelas ruas nuas e em estações vazias
para onde o frio que estava por vir
vinha zangado e em cada rajada gritava
a terrível solidão das noites mais frias
só diz nunca mais
quem não sabe adivinhar o choro no fado
que nos diz que tudo será como deus quer
minha mãe chorava sem ter ido a qualquer cais
separar-se do filho que voltara já enterrado
na pressa de não fazer viúva a que seria sua mulher
2.
nunca mais a escuridão nos dias claros
nunca mais antes a morte que tal sorte
de assobiar para espantar o medo
podemos dizer agora nunca mais porque agora é cedo
porque sabemos que a morte qual vida eterna? é mesmo morte
e já morreram os abraços dos amigos cada vez mais raros
só diz nunca mais
quem não sabe de quantas mudanças
são feitos os dias de cada um
minha mãe perguntava para onde vais
tu que não tens jeito para danças
só podes ir a lugar nenhum
sabendo que eu acabava por partir
para onde ninguém me esperava
pelas ruas nuas e em estações vazias
para onde o frio que estava por vir
vinha zangado e em cada rajada gritava
a terrível solidão das noites mais frias
só diz nunca mais
quem não sabe adivinhar o choro no fado
que nos diz que tudo será como deus quer
minha mãe chorava sem ter ido a qualquer cais
separar-se do filho que voltara já enterrado
na pressa de não fazer viúva a que seria sua mulher
2.
nunca mais a escuridão nos dias claros
nunca mais antes a morte que tal sorte
de assobiar para espantar o medo
podemos dizer agora nunca mais porque agora é cedo
porque sabemos que a morte qual vida eterna? é mesmo morte
e já morreram os abraços dos amigos cada vez mais raros
de "Teógnis de Megara"
(...)
Pois todos temos pensamentos manhosos:
mas ao passo que um não quer seguir o mau proveito,
a outro agradam mais as congeminações enganosas.
Da riqueza não há limite que se mostre aos homens,
pois aqueles de nós que mais têm, esses
apressam-se a duplicá-la. Quem saciaria todos?
Para os mortais a riqueza é demência,
donde vem desgraça que toca ora a um,
ora a outro, quando Zeus a envia aos infelizes
Sendo cidadela e torre para o povo de mente vazia,
ó Cirno,o homem nobre só obtém pouca honra.
Não nos cabe considerarmos-nos homens salvos,
mas uma cidade, ó Cirno, totalmente saqueada.
(...)
(F.Lourenço, Poesia Grega, Cotovia, Lisboa: 2006)
Pois todos temos pensamentos manhosos:
mas ao passo que um não quer seguir o mau proveito,
a outro agradam mais as congeminações enganosas.
Da riqueza não há limite que se mostre aos homens,
pois aqueles de nós que mais têm, esses
apressam-se a duplicá-la. Quem saciaria todos?
Para os mortais a riqueza é demência,
donde vem desgraça que toca ora a um,
ora a outro, quando Zeus a envia aos infelizes
Sendo cidadela e torre para o povo de mente vazia,
ó Cirno,o homem nobre só obtém pouca honra.
Não nos cabe considerarmos-nos homens salvos,
mas uma cidade, ó Cirno, totalmente saqueada.
(...)
(F.Lourenço, Poesia Grega, Cotovia, Lisboa: 2006)
do que gosto mais nas negociações é...
... daqueles senhores que os jornalistas identificam como sociedades de advogados e se identificam a si mesmos como "agora não, não levem a mal"...
... e de ter sabido que o muito nosso ex-ministro da tal ex-economia, manuel pinho, também já trabalhou no fmi e para o fmi em algumas negociações, a confiar no próprio que o comunica em crónica d'o expresso...
... e de ter sabido que o muito nosso ex-ministro da tal ex-economia, manuel pinho, também já trabalhou no fmi e para o fmi em algumas negociações, a confiar no próprio que o comunica em crónica d'o expresso...
limoniformes...
...como tonéis
- de todos os sólidos com a mesma superfície, os limoniformes têm volume máximo - disse Kepler, descendo o Danúbio entre pipas.
- de todos os sólidos com a mesma superfície, os limoniformes têm volume máximo - disse Kepler, descendo o Danúbio entre pipas.
portas e o ...
... anjo correio com passos de coelho treinam para figuras de estado depois de terem feito figuras de estalo:
figuras de estilo.
figuras de estilo.
aparelhos
Aparelhos
- do PS
- do PSd
...
- dos dentes.
Quem pede maioria absoluta de um partido só pode querer que o aparelho do estado se confunda com o aparelho do seu partido.
- do PS
- do PSd
...
- dos dentes.
Quem pede maioria absoluta de um partido só pode querer que o aparelho do estado se confunda com o aparelho do seu partido.
a imaginação da negociação do pesadelo
Chegam uns e outros. Quando na mesma sala, negoceiam apresentações e cumprimentos. Depois, os técnicos podem circunstancialmente referir um ou outro assunto a ser abordado. Os políticos podem falar dentro do tempo disponível que é diminuído se houver necessidade de tradução. Os técnicos podem ouvir sonolentamente o que já sabem de ouvir falar ou de súmulas escritas produzidas antes por quem anda por ali a tratar recortes de jornais e documentos avulsos. E podem tirar uma ou outra nota para dar nota de que ouviram. Podem mesmo fazer uma pergunta ocasional sobre algum paleio que precise de alguma precisão ou melhor tradução. Podem mesmo ter desenhado alguns bonecos.
Entretanto, o tempo acabou. Se não forem surdos, os técnicos ouviram e não devolveram senão olhares perdidos. Não contestam nem aprovam. No fim, alguns apertos de mão mais ou menos firmes ou mais ou menos moles.
O relatório técnico talvez denuncie algum aspecto que cada um atribua ao que disse.
Foi um prazer. O que faz de chefe de cerimónias pode mesmo resmungar algumas palavras de circunstância e agradecimento por terem comparecido. Sem isso, não se poderia falar de negociação.
E p.f., pfff..., fe.., ifm, fmi ou melhor... fim.
Entretanto, o tempo acabou. Se não forem surdos, os técnicos ouviram e não devolveram senão olhares perdidos. Não contestam nem aprovam. No fim, alguns apertos de mão mais ou menos firmes ou mais ou menos moles.
O relatório técnico talvez denuncie algum aspecto que cada um atribua ao que disse.
Foi um prazer. O que faz de chefe de cerimónias pode mesmo resmungar algumas palavras de circunstância e agradecimento por terem comparecido. Sem isso, não se poderia falar de negociação.
E p.f., pfff..., fe.., ifm, fmi ou melhor... fim.
não posso desenhar, pouco posso escrever (...)
(...) só posso olhar para fora e ver as notícias, sempre aparentemente as mesmas notícias, como rastos formando um tapete rolante de últimas sobre a crise ou sobre vitórias e derrotas no futebol, claques e polícias, políticos e banqueiros, economistas e financeiros, donos de tudo e donos de coisa nenhuma:
as máscaras mil vezes mostradas para parecerem caras de verdade, como as mentiras mil vezes repetidas para parecerem o sofisma único essa baba que parece verdade assim cuspida por todos os que podem falar para uma multidão que se cale e pise ou esconda o que diz à boca pequena à boca pequena de boca em boca como um segredo mal guardado:
a quadrilha vive agora de uma ideia com mercado seguro para os seus manuais adoptados pelos estados sólidos líquidos e gasosos.
as máscaras mil vezes mostradas para parecerem caras de verdade, como as mentiras mil vezes repetidas para parecerem o sofisma único essa baba que parece verdade assim cuspida por todos os que podem falar para uma multidão que se cale e pise ou esconda o que diz à boca pequena à boca pequena de boca em boca como um segredo mal guardado:
a quadrilha vive agora de uma ideia com mercado seguro para os seus manuais adoptados pelos estados sólidos líquidos e gasosos.
os professores não vão em carnavais
a professora levantou o dedo e apontou a porta da rua, por onde, balbuciando desculpas, saiu o menino mascarado de diabo.
a professora marcou a falta com tinta vermelha e registou qualquer coisa na caderneta.
só depois disse: meninos, hoje vamos representar o auto da barca do inferno!
(de há muitos anos para um programa de rádio pirata: círculo virtuoso, penso eu.
veio agora a propósito daquilo a que chamam "negociações de resgate")
a professora marcou a falta com tinta vermelha e registou qualquer coisa na caderneta.
só depois disse: meninos, hoje vamos representar o auto da barca do inferno!
(de há muitos anos para um programa de rádio pirata: círculo virtuoso, penso eu.
veio agora a propósito daquilo a que chamam "negociações de resgate")
Nada, mas mesmo nada
Por estes dias, os dedos podem fazer pouco por nós. E nós podemos fazer pouco pelos dedos senão dar-lhes descanso na esperança de os podermos vir a utilizar num futuro próximo sem dor. Dizer isto é dizer tudo. Que é o mesmo que nada, bem o sabemos.
menos olhos que barriga
A política olha para a destroçada barriga
Aberta pela venda lucrativa da mina traiçoeira
Até perceber uma diplomacia que lhe diga
da gangrena ser menos boa que a cegueira
Ai, a que colhe ramos de oliveira vai tropeçar
Em seu vespeiro de palavras voadoras
E caindo a pique sobre o ninho das metralhadoras
A pomba apenas sente uma pena a soltar-se no ar.
Há
Há crianças tão leves que tropeçam nas borboletas
E caem. Pairando no ar por momentos
Como uma realidade que sustém a respiração.
Há mulheres tão finas que passam entre os pingos de chuva
E caem. Como juncos levados pelos ventos
E são as fitas do chapéu que pesam para o chão.
Há homens tão grosseiros e belos feitos estátuas de cal
E caem. Pesadamente caem como braços do arado
Na paisagem lavrada pelos dedos de uma mão.
quem anuncia o fim do(s) princípio(s)?
Os responsáveis pela situação a que chegamos anunciam-nos que só eles nos podem conduzir para fora dele porque conhecem o caminho até aqui, bem com conhecem bem todos os figurões que organizaram (e lucraram com) o descalabro e que podem ser influenciados no bom sentido da oportunidade em que um descalabro pode travestir-se. Eles esperam que o bom povo se deixe convencer pelas trampas que pretendem maximizar em seu proveito a crise até não haver qualquer alternativa audível e tudo ficar resumido a alguma coisa que é ps+d-d. Se isso vier a resultar do concerto eleitoral que aí vem, este fim de semana desconcertante será o princípio de outro fim, um anúncio da vitória da maldade pura, da falta de vergonha, da falta de princípios, da falta. Resta-nos o quê? Uma revolta feita de muitas pequenas revoltas, individuais e colectivas.
Antes de me despedir por uns tempos das mãos que pouco escrevem, dou conta de que a cabeça conta mesmo quando não escreve nem fala nem desenha.
Antes de me despedir por uns tempos das mãos que pouco escrevem, dou conta de que a cabeça conta mesmo quando não escreve nem fala nem desenha.
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